Estudo de caso de um
menino com Deficiência intelectual em uma classe especial de uma escola de
ensino regular.
Introdução
A educação especial tem como objetivo possibilitar
as crianças e jovens com necessidades especiais acesso e permanência na escola,
garantindo a estes alunos apropriação ativa e crítica do conhecimento
científico e possibilitando o desenvolvimento global de suas potencialidades.
A Política Nacional de Educação
Especial, em consonância com as Diretrizes Curriculares Para a Educação
Municipal garantem o acesso aos conteúdos básicos que a escolarização deve
proporcionar a todos, distinguindo-se por oferecer atendimento de caráter
transitório, assegurando a igualdade de oportunidades aos estudantes, de modo a
promover a sua inserção gradativa nas classes comuns do Ensino Regular, de
maneira efetiva. (MEC/SEE,2008).
O presente trabalho apresenta o estudo
de caso de um aluno matriculado na classe especial de uma escola de ensino
regular da rede municipal de Curitiba.
O aluno iniciou a vida escolar aos 5
anos de idade em escola especial e a dois anos ingressou nesta escola. Hoje ele está com quinze anos de idade e a
professora da classe estuda a possibilidade de no próximo ano encaminhá-lo para
a uma classe regular.
Estudo de caso – Lorenzo
Alves
O aluno Lorenzo Alves apresenta
deficiência intelectual e faz uso de medicamento, pois apresenta comportamento
agressivo.
Lorenzo recebe acompanhamento
neurológico desde os cinco anos de idade. Segundo a avaliação diagnóstica do
aluno seu desenvolvimento psicomotor e aquisição da linguagem ocorreram dentro
da normalidade. Ele é teimoso, emotivo, ansioso se irrita com facilidade e tem
dificuldade em tolerar frustrações.
Seu potencial intelectual é
incompatível a média de sua faixa etária e apresenta comportamento de
apreensão, dependência e conduta irritativa diante de desafios. Apresentou déficit
nas atividades que exigiram coordenação visomotora e habilidade em usar
conceitos numéricos abstratos.
O aluno ingressou na classe especial há
dois anos quando ainda não sabia ler e escrever. Hoje ele já está alfabetizado e
em atividades de matemática o aluno realiza cáculos fazendo a contagem nos
dedos ou risquinhos no caderno e consegue resolver contas simples de soma e
multiplicação, porém na maioria das vezes só consegue realizar com a ajuda da
professora pois fica impaciente diante de alguma dificuldade.
Lorenzo apresenta humor instável, e
em alguns momentos demonstra cansaço, sonolência, deixa o caderno e o livro
didático de lado e se debruça na carteira. Segundo a professora esse
comportamento se deve ao efeito do medicamento.
A maior parte das atividades
desenvolvidas em sala são realizadas no livro didático ou passadas no quadro
pela professora e copiadas pelos alunos no caderno, porém estas tarefas muitas
vezes parecem enfadonhas para Lorenzo. A professora diz que ele já está
desmotivado pelo fato de ser o mais velho da turma. Segundo a visão dela seria
o melhor para a aluno seria que no próximo ano ele fosse encaminhado para uma
turma regular ou para a Educação de jovens e adultos.
Segundo
Cristina Abranches Mota Batista e Maria Teresa Eglér Mantoan (2007), a
deficiência mental não se esgota na sua condição orgânica e/ou intelectual e
nem pode ser definida por um único saber. “Ela é uma interrogação e objeto de
investigação de inúmeras áreas do conhecimento”.
No caso
do aluno Lorenzo, percebe-se que ele demonstra interesse em aprender, e
colabora em algumas tarefas realizadas em sala de aula. Porém este aluno necessita
de estímulo constante, pois demonstra uma certa insegurança na realização das
atividades e uma certa impaciência quando encontra alguma dificuldade, além de
se sentir desmotivado pelo fato de ser o mais velho da turma.
A Deficiência Intelectual
O termo deficiência intelectual é usado quando
uma pessoa apresenta certas limitações de adaptação em pelo menos duas áreas de
habilidades (comunicação, autocuidado, vida do lar, adaptação social, saúde e
segurança, uso de recursos da comunidade, determinação, funções acadêmicas,
lazer e trabalho). (Revista Nova Escola, edição especial nº 24, julho, 2009, p.
21).
É necessário que se observe que mesmo apresentando limitações, pessoas
com Deficiência Intelectual mostram alternativas que sugerem o desenvolvimento
de um novo olhar, principalmente nos aspectos relacionados à aprendizagem e ao
seu desenvolvimento.
Deve-se ter em mente que o aluno com deficiência intelectual
deve ter sua a idade cronológica respeitada, porque o que muitas vezes se
presencia nas escolas e pesquisas é a valorização da idade mental do aluno.
O diagnóstico na deficiência intelectual (mental) não se esclarece por uma causa orgânica, nem tão pouco pela inteligência, sua quantidade, supostas categorias e tipos. Tanto as teorias psicológicas desenvolvimentistas, como as de caráter sociológico, antropológico têm posições assumidas diante da condição mental das pessoas, mas ainda assim, não se consegue fechar um conceito único que dê conta dessa intrincada condição. (MEC, SEESP, 2006, p. 10).
Novas propostas de trabalho pedagógico diante da Deficiência
Intelectual vêm sendo colocadas em prática, através das contribuições de
documentos oficiais e profissionais que se dedicam a causa.
Considerando que crianças com deficiência intelectual apresentam
maiores dificuldades em assimilar conteúdos abstratos, é necessário que se faça
a utilização de material pedagógico concreto, a fim de facilitar a construção
do conhecimento do aluno e o desenvolvimento de suas habilidades cognitivas.
A adoção de estratégias metodológicas como jogos e brincadeiras
propiciam a aprendizagem através do concreto e de atividades práticas, que ajudam
a criança refletir, analisar e interagir com os colegas e com o professor.
Outra proposta seria a adoção de um currículo funcional. Este
visa adaptar o currículo escolar para os alunos com deficiência intelectual, de
modo a oferecer oportunidade para que o aluno aprenda habilidades importantes
para torna-lo mais independente e produtivo.
Segundo GONZÁLES (2002), a necessidade
de um currículo em que a flexibilidade, a abertura, a autonomia e a adequação
configuram-se como os seus aspectos definidores. Em relação à educação especial,
um currículo delineado por essas características deverá:
-
Contemplar as necessidades educativas dos alunos;
-
Dar atenção à diversidade na aula; 3. Estimular a heterogeneidade;
-
Favorecer a individualização e a socialização do ensino;
-
Potencializar processos de colaboração reflexiva entre os profissionais;
-
Desenvolver intervenções pedagógicas para os alunos com necessidades educativas
especiais em uma dimensão mais cognitiva;
-
Adaptar o currículo às necessidades educativas dos alunos.
As estratégias e metodologias utilizadas pelo
professor são muito importantes para o caminho da qualidade do ensino
aprendizagem, através da utilização de vários instrumentos, habilidades
cognitivas e critérios avaliativos, o professor pode avaliar a aprendizagem dos
seus alunos de forma dinâmica, respeitando o processo de construção de
significados de cada um.
Conclusão
É importante lembrar que não se
pretende aqui ditar atitudes erraras ou corretas de a serem tomadas em relação
ao trabalho com alunos com deficiência intelectual. Porém foi apresentado aqui
um caso específico que pode ser utilizado como referência para um reflexão sobre
o longo caminho que temos a percorrer no que diz respeito ao desenvolvimento e
a aprendizagem desses alunos.
Nós como educadores devemos promover
um ensino significativo para todos, portanto devemos buscar nos renovar a cada
dia, visando melhorar cada vez mais nossa prática de modo a garantir a esses
alunos uma aprendizagem mais significativa.
Através da observação foi possível
notar que ainda existe uma grande dificuldade por parte do aluno na realização
das atividades sem a presença constante do professor, e também por parte do
professor em manter o aluno estimulado na realização das mesmas.
Sabe-se também que quando Lorenzo
for para uma sala de ensino regular não contará com a presença de um professor
com formação especializada, pois a professora da classe especial é a única na
escola que possui especialização. Portanto será mais um desafio para ambas as
partes.
Para finalizar esta reflexão,
acredita-se que para um resultado produtivo é necessário a presença de
profissionais especializados e a utilização de metodologias que sejam adequadas
as necessidades do aluno com deficiência intelectual.
Referências:
BATISTA, Cristina Abranches Mota & MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Educação Inclusiva: atendimento educacional especializado para a deficiência mental. Brasília: MEC/SEESP. Brasília/DF, 2005.
Educação Inclusiva: atendimento educacional especializado para a deficiência mental. [2. ed.], Brasília: MEC/SEESP, 2006
GONZÁLEZ, J. A.T. Educação e Diversidade: Bases Didáticas e Organizativas. Trad. Ernani rosa. Porto Alegre: ARTMED, 2002.
REVISTA NOVA ESCOLA, São Paulo – SP: Fundação Victor Civita, edição especial nº 24, julho, 2009.
BRASIL, Ministério da Educação / Secretaria da Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, 2008.
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